Abaixo eu conto sobre a trajetória do Guia&Universidade Pet Friendly.
Reportagem publicada no Estadão
O que vai acontecer daqui 10 anos? Espero estarmos na terceira onda, que é a da revolução educacional dos nossos cães, pois só assim evoluiremos. Consigo ver o futuro bem melhor do que vi o passado. Afinal, quando comecei o Guia Pet Friendly há 10 anos, eu queria apenas fazer uma curadoria de locais pet friendly como vinha fazendo há 10 anos pelo mundo ao escrever para jornais, revistas e livros dando dicas de cidades imperdíveis, praias paradisíacas, hotéis dos sonhos, restaurantes estrelados, vinhos premiados e aquele pastel de feira de comer de olhos fechados.
O que mudaria? Apenas a presença de um cão. Ah, como eu não sabia nada.
Imagina se meu eu de hoje sussurrasse no ouvido do meu de ontem: você vai entrar em um hospital com a Ella por 20 dias, estar na cabine do avião com a Ella 18 vezes, criar uma Universidade Pet Friendly para treinar estabelecimentos e, um dia, ter o Clube de Treinamento Ella, que será a terceira Onda. Acho que eu nem entenderia.
2015, o começo
No primeiro ano, lancei três livros pet friendly, inéditos no Brasil, com o intuito de fazer curadorias de hotéis e restaurantes com uma visão jornalística. Fiz versões impressas com sessões de autógrafos na Livraria da Vila do shopping JK e Cultura do Conjunto Nacional. Até aqui, nada de novo, eu já havia perdido a conta do número de lançamentos de livros.

Eu não fazia ideia de que o mercado pet, que parecia promissor, carecia de profissionalismo. Neste mesmo ano, na capa da Veja estava a sedutora informação de que há mais animais de estimação nos lares brasileiros do que crianças. Apesar de este não ter sido o meu estímulo inicial, era bom pensar que havia futuro na minha nova empreitada.
Nessa época, começava a despontar uma geração de pet influencers, que começaria a ser levada a sério dali cinco anos com a chegada de Gudan, Mada e Bica (do Leo Bagarolo que escreveria o prefácio do livro da Ella em 2024) e Kiliquinha, que colocaram “ordem no coreto” e mostraram que ração e produtos em geral não eram moeda de troca pelo trabalho de ninguém.
2016, o primeiro grande evento com a Ella
O ponto alto foi participar do maior evento de adoção do Brasil, o “Adotar é Tudo De Bom” da Pedigree, onde lançamos um mapa pet friendly. Além disso, começamos a divulgar os endereços pet friendly do festival Restaurant Week, que fazemos parte até hoje.

Sete anos depois, estávamos no jantar do Leilão de Adoção do “Adotar”, que ao longo de 17 anos promoveu 85 mil adoções através de 1,6 mil ONGs, em 13 mil eventos, recebeu 2.500 toneladas de alimento da Pedigree, que faz periodicamente mutirões de castração e campanhas educacionais sobre a posse responsável.
2017 e 2018, ajeitando as abóboras
Em 2017, trabalhamos para a Pet Bamboo, uma marca de produtos sustentáveis e, também, para um app de reservas de serviços pet e, em agosto de 2018, fizemos um trabalho de seis meses para a Nestlé Purina em 91 estabelecimentos pet friendly de São Paulo. Seguimos visitando locais pet friendly, que rendiam conteúdo para os canais do Guia Pet Friendly: site com buscador, App, Instagram e e-books.
2019, o começo da segunda onda
Então, entendi o abismo entre os pais de pets e os estabelecimentos e criei a Universidade Pet Friendly, que se tornou o braço direito do Guia Pet Friendly. A partir daí, a empresa além de ser um Guia de locais para ir com os pets, sem o risco da pessoa ser barrada na porta, passou a ser uma centro de conhecimento para ajudar os estabelecimentos a receberem os pets com hospitalidade e segurança.
Nessa altura do campeonato, os pais de pets estavam furiosos (ainda estão), pois o mundo pet friendly parecia só existir para os cães de pequeno porte. E os restaurantes estavam apavorados (ainda estão) com garçons sendo mordidos e cães latindo sem controle. Resultado? Os clientes, com razão, começaram a reclamar do barulho e muitos estabelecimentos deixaram de aceitar pets.
Neste ano, lançamos o “Guia Pet Friendly Sul” e começamos a trabalhar no coworking Spaces onde ficamos até 2024.

2020 – 2025, o mundo pet friendly ganha uma Universidade
Começamos a escrever para o Estadão onde cobrimos as principais notícias do mundo pet.

Veio a pandemia, mas o trabalho de bastidores não tinha fim: sempre algo a melhorar nos canais. Além da criação de conteúdo para a Universidade Pet Friendly, que começou com um “anexo” no site do Guia Pet Friendly e, hoje, tem site próprio, cursos online, assessoria personalizada, treinamento para redes e certificação.

A Universidade Pet Friendly, que conta com o patrocínio da Mars Petcare, além de dar assessoria para o BCFP, assessora importantes redes de São Paulo. O Andiamo, a Frutaria São Paulo, o Le Pain Quotidien e a Atlantica Hotels no Brasil são alguns dos atuais associados.

Também dá suporte para hotéis e pousadas consagrados como Pegada da Onça, Surya-Pan, Villagio Embu, Itapemar, Refúgio Dinamarca, Guest House, Marriott Executive, Porto Di Mare, Santarina, Pullman Guarulhos, Rosa dos Ventos Juquehy, Villa Langma, Pousada do Engenho, Radisson Red Campinas, Radisson Pinheiros e Radisson Blu.

Além dos restaurantes Dona Chica na Horta, Esquina do Fuad, Gard, Grupo Toriba, Ludwig Restaurant, Mcdonald ‘s Jaguariúna e Piadina Tree. E já assessorou o shopping Eldorado e Mooca Plaza, Bar do Urso da AMBEV, Mocotó entre outros.
2021 – 2025, Cidades Melhores para os Pets
Em 2021, aconteceu o divisor de águas que nos trouxe até aqui, a Mars Petcare, dona das marcas Pedigree e Whiskas, trás para o Brasil o programa global “Better Cities for Pets”, traduzido para o português “Melhores Cidades para os Pets” e convida o Guia&Universidade Pet Friendly para dar assessoria no pilar pet friendly, ou seja, preparar hotéis, restaurantes, shoppings e escritórios para receber os clientes, que fazem questão de estar com seus cães nos momentos de lazer.
O primeiro trabalho realizado para o BCFP foi fazer o diagnóstico das flagships da rede Accor no Brasil. Para isso, fui ao Rio de Janeiro com a Ella nos hospedar em alguns hotéis e fazer um raio X do atendimento destinado aos pets. Após este levantamento, fizemos indicações de melhorias e preparamos um treinamento para os gerentes gerais. O mesmo se repetiu com o McDonald ‘s.

Neste mesmo ano, começou o trabalho realizado até 2023 com a alemã Boehringer, para quem fizemos campanhas pelo Instagram para os antiparasitários Nexgard e Frontline falando sobre a importância de cuidar da saúde dos pets. Cobrimos a ação realizada na Avenida Paulista com a Consolação quando foram projetados na lateral do edifício Anchieta imagens de cães para adoção. E fui mestre de cerimônias do lançamento do Nexgard no Brasil.

2022, treinamentos para todos os setores
Em 2022, fomos conhecer a cidade de Mogi Mirim, no interior de São Paulo, e levar a consciência pet friendly para os comerciantes e moradores. Fizemos palestras com a presença do prefeito, visitamos restaurantes e saímos com dois locais modelo: o Açaí Full Body e o bar Valentin’s.

Então, vieram os treinamentos híbridos para Restaurantes, Hotéis, Shoppings, Escritórios e Condomínios, que viraram playlist no nosso canal do YouTube. Olhando para trás, percebo que os mais de mil locais visitados junto da Ella, uma cachorra de porte médio/grande com 19 quilos e de uma raça que sofre preconceito, ao longo de 10 anos, foram extremamente valiosos, pois nos deram a experiência necessária para orientar de forma assertiva os locais.
2023, expandindo para fora de São Paulo
Contratados pelo Sebrae do Ceará, demos assessoria personalizada para 40 estabelecimentos da capital e lançamos o “Guia Pet Friendly Fortaleza” com e-book, livro impresso e premiação em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo. A Mars, via BCFP, apoiou o trabalho e esteve presente no lançamento.

Gravamos um Podcast sobre transporte de cães no avião em parceria com a agência Sonho e Magia Viagens onde entrevistamos a agente de viagens Ana Lechugo.
2024, o maior cidade de São Paulo ganha seu livro
O primeiro semestre do ano foi dedicado ao e-book “Guia Pet Friendly São Paulo” realizado em parceria com a Prefeitura de São Paulo através da Secretaria de Turismo com 200 dicas de locais pet friendly onde os restaurantes, hotéis e shoppings mencionados tiveram acesso a capacitação da Universidade Pet Friendly.

Para a cidade de São Roque, conhecida pelo roteiro do vinho, que faz parte do BCFP, a nossa participação foi indicar como devem ser os parques públicos pensando na segurança dos cães com cercas altas, porta dupla de acesso, solo adequado e bebedor de água corrente. Em 2024, tivemos o primeiro treinamento com os estabelecimentos que já aceitam cães na cidade, e em breve, faremos a segunda rodada.

No final do ano, o Índice de Abandono Animal promovido pela Mars Petcare no Brasil, Austrália, Canadá, China, França, Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido alertou para os 35% de cães e gatos no mundo que estão nas ruas ou em um abrigo.
No Brasil, há 30 milhões de animais abandonados e eles deveriam estar nos programas de gestão pública, que infelizmente é esquecido pelos governantes, por isso, o curso de políticas públicas sobre controle de natalidade, censo pet, posse responsável e gestão dos abrigos é uma das ações que fazem do BCFP ser tão importante para as cidades brasileiras.
2025, Caramelo vira raça
Em abril de 2025, cobrimos o primeiro Road Show de Caramelos do mundo, um evento exclusivo para cães sem raça definida, intitulados Caramelos, que estão em ONGs ou protetores independentes vinculados ao Instituto Ampara Animal.
Foi emocionante ver um evento super bem produzido com palco, desfile, apresentador e a presença de Tatá Werneck. O Caramelo Show faz parte da campanha da Pedigree, que promoveu o teste de DNA, ou seja uma pesquisa genética, em 350 “vira-latas” e quer transformá-los em uma “raça” de desejo nacional, assim como, combater o abandono.
Neste dia, a caramela Alice foi adotada pela Tatá, que ao meu ouvir dizer: “tu te deu bem, gurizinha”, a abraçou e repetiu a frase.

Ainda este ano teremos o volume 2 do livro “Ella, Segue Sendo Nós” e a atualização do e-book “Guia Pet Friendly São Paulo”. O Clube de Treinamento Ella, que representa a terceira onda e que defende a importância da educação dos pets nos espaços pet friendly, está em plena criação (e gestação) e fico só pensando o que o meu eu de daqui 10 anos falaria para o meu eu de agora. Algum palpite?